Demanda por eficiência energética cresce mais que mercado de energia

Andrey Rudakov/Bloomberg - 18/6/2015A demanda mundial por eficiência energética vem crescendo o dobro dos demais segmentos do mercado de energia, disse ao Valor Jean-Pascal Tricoire, CEO da francesa Schneider Electric, líder mundial na gestão de energia.

Os investimentos globais nessa área (divididos entre indústrias, residências, construções e transportes) já passariam de US$ 300 bilhões, segundo estudo de 2014 da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre o mercado mundial de eficiência energética

A energia foi um dos temas discutidos ontem na Conferência do Clima da ONU, a CoP-21, em Paris. Para a Schneider, que desenvolve softwares para economia de energia e sistemas conectados para controlar o consumo, além de “redes inteligentes”, a maior demanda por eficiência energética amplia a perspectivas de negócios. Ainda mais considerando-se que há muito desperdício. “Hoje, uma rede elétrica, em qualquer país do mundo, trabalha com menos de 50% de sua capacidade durante mais da metade do tempo. É muito ineficaz”, diz o CEO.

Além das mudanças climáticas. Tricoire vê outro motivo que leva empresas a investir na eficiência energética: redução de custos, em especial em tempos de crise.

As empresas, segundo ele, estão conscientes da necessidade de se adaptar às mudanças climáticas. “Isso permite reduzir os riscos dos negócios, integrar as consequências financeiras das emissões de carbono e reduzir os custos da fatura de energia”, afirma.

Os fornecedores da Schneider, diz Tricoire, precisam agora informar sua “pegada de carbono (suas emissões de gases do efeito estufa). O grupo francês assumiu o compromisso junto a seus clientes de fornecer, no futuro, a performance de carbono de seus produtos e a calcular o impacto das emissões de grandes projetos.

Tricoire defende a existência de um preço do carbono “previsível e coordenado em nível mundial”, para evitar diferenças de competitividade entre países. Isso permitiria “acelerar de maneira considerável” o movimento das empresas de reduzir as emissões de CO2.

A Schneider diz que vai investir € 10 bilhões nos próximos dez anos em pesquisas de desenvolvimento de novos produtos para elevar a eficiência energética. Para Tricoire, um dos principais problemas enfrentados pelas empresas para reduzir o consumo de energia é “o desconhecimento das tecnologias existentes”.

No Brasil, o movimento das empresas por maior eficiência energética, utilizando tecnologias e sistemas conectados, ainda é muito incipiente, diz Tania Cosentino, presidente da Schneider Electric no Brasil. “Elas colocam lâmpadas LED, mas deixam o andar inteiro aceso mesmo sem necessidade”, exemplifica, para ilustrar que as mudanças ainda são superficiais.

A Schneider é uma das empresas que assumiram compromissos de sustentabilidade na Cop-21. Um deles é tornar os escritórios e fábricas da empresa neutros em carbono nos próximos 15 anos.

Seis outras grandes companhias, como Coca-Cola e BMW, anunciaram ontem na Conferência do Clima da ONU, em Paris, o compromisso de utilizar energia 100% renovável. Elas aderiram à iniciativa mundial “RE100”, que passou a reunir 53 grupos, entre eles Microsoft e Google.

A Unilever, gigante mundial do setor de alimentos, também anunciou que 100% de suas operações utilizarão, até 2030, energias renováveis. O carvão será eliminado de seu mix energético nos próximos cinco anos. A empresa também promete se tornar neutra em carbono até 2030. “Se não lutarmos contra o aquecimento global, não teremos crescimento econômico. Isso vale para todos os negócios, não apenas para a Unilever”, disse o CEO, Paul Polman, que participou de reuniões ontem na Cop-21.

Fonte: Valor Econômico

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