PARIS – Pela primeira vez, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) participa de uma conferência do clima. E, em Paris, sinalizou que os bancos brasileiros estão engajados na proposição de negócios para mitigar e adaptar as mudanças climáticas e nas oportunidades que esse novo mercado trará ao país.
A participação da Febraban coincidiu com a menção do presidente do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), Mark Carney, sobre experiências dos setores financeiros de países como o Brasil e a África do Sul para avaliar riscos climáticos de empresas.
Mário Sérgio Vasconcelos, diretor de assuntos institucionais da Febraban, mostrou na COP-21 o resultado de estudo, segundo o qual no fim de 2014 os dez maiores bancos do país tinham 33,2% (US$ 226,8 bilhões no cambio da época) da carteira de crédito corporativo destinados a setores com potencial impacto ambiental, como químico e de petróleo, e 9,6% (US$ 65,2 bilhões), a setores da economia verde.
Vasconcelos explicou que nesse caso é exigido um conjunto muito forte de verificação dos bancos, sobre licença ambiental, monitoramento da aplicação de recursos etc.
O executivo explicou também que os bancos estão engajados em acelerar o Cadastro Ambiental Rural (CAR). A partir de 2017, eles não poderão emprestar dinheiro aos agricultores que não estiverem adastrados.
Além disso, a entidade dos bancos diz estar discutindo com o governo como melhorar o programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC). Ela diz que o programa tem hoje tantas restrições que os bancos privados não conseguem emprestar aos agricultores e pede para o governo pelo menos aumentar o teto dos créditos de R$ 5 milhões para R$ 20 milhões.
A Febraban quer o desenvolvimento do mercado do ”green bonds”, título de dívida de destinação especifica na área ambiental.
Na terça-feira, os bancos brasileiros irão se comprometer, em Paris, a informar ao governo de São Paulo as emissões de gases causadores do efeito estufa decorrentes direta ou indiretamente de suas atividades administrativas no Estado.
O compromisso também detalha procedimentos de gestão de riscos socioambientais praticados pelas instituições financeiras, com a inclusão, nos contratos de financiamento, de dispositivos obrigando tomadores de empréstimos a adotar boas práticas trabalhistas e ambientais para ter direito a crédito.
Está prevista a adesão voluntária dos bancos, e quatro deles – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Votorantim – já manifestaram a intenção de aderir.
Fonte: Valor Econômico
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