Projetos para fontes limpas ganham espaço

Em meio à séria possibilidade de falhas na oferta de energia no próximo verão, investir em inovação e em novas fontes renováveis é mais do que recomendável. Apesar de alguns ainda estarem distantes da viabilidade econômica, o volume de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em energia limpa vem ganhando consistência e cifras cada vez maiores.

A sofisticação das tecnologias envolvidas também. O que ainda distancia o país dos bons exemplos globais é a viabilização comercial e em escala de várias tecnologias desenvolvidas dentro de universidades federais e estaduais em parceria com os 126 centros de pesquisa e desenvolvimento das concessionárias de energia do país. Hoje são 62, entre 34 distribuidoras, 21 geradoras e sete transmissoras realizando projetos de P&DI para redes elétricas inteligentes (REI) ou correlatos, com investimentos que superam R$ 1 bilhão. A estimativa é de que esse valor chegue a R$ 3 bilhões no biênio 2013 e 2014, segundo estudo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Considerando a totalidade dos projetos de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em andamento, atualmente são 1.545 em execução envolvendo temas como fontes alternativas de geração de energia, gestão de bacias e reservatórios, meio ambiente, segurança, eficiência, planejamento e operação de sistemas, supervisão, controle e proteção, qualidade dos serviços e medição, dentre outros, que somam R$ 4,2 bilhões, segundo levantamento da Aneel a pedido do Valor.

A agência exige que as elétricas invistam 1% da receita operacional líquida em inovação. Só em geração de energia renovável, de 2008 a 2013 foram catalogados 273 projetos em dez temáticas, que vão das estruturas para instalação de usinas eólicas, passando pela solar (18 projetos em andamento), biogás (23) até a geração de energia a partir das ondas do mar.

O Grupo AE Brasil é uma das dez empresas citadas com distinção no mapeamento feito pela ABDI e investiu R$ 40 milhões em 2013 em P&DI em 24 projetos. Já a Energisa, que possui capacidade total para gerar 373 megawatts de potência, sendo 163 MW vindos de usinas hidrelétricas, 150 MW de eólicas e 60 MW de termelétricas (com uso de bagaço de cana), está desenvolvendo novas tecnologias para construção de mais quatro usinas eólicas, duas solar e uma PCH (pequenas centrais elétricas com capacidade de gerar até 30 MW e que causam baixíssimo impacto ambiental). A entrega dessas usinas significará mais 350 MW para a empresa que há mais de 20 anos aposta na P&DI para geração de fontes de energia limpa.

Só no desenvolvimento e implantação da tecnologia e estrutura das usinas solares em projeto, estima-se que a Energisa deva gastar entre R$ 160 milhões e R$ 180 milhões. “Essas usinas nos darão condições de participar do primeiro leilão exclusivo de energia solar que acontecerá em outubro”, afirma Eduardo Mantovani, diretor-presidente de geração da Energisa.

O executivo garante que se todos os projetos de energia renovável que estão sendo desenvolvidos pela empresa hoje fossem executados consumiriam nada menos do que R$ 1,6 bilhão.

Para estruturar o foco de suas ações na utilização de fontes primárias de energia, a Cemig fez, entre 2010 e 2012, um amplo levantamento de todas as alternativas possíveis considerando as características naturais do Brasil. “Queremos nos posicionar como o maior grupo integrado de geração, distribuição e transmissão de energia da América Latina até 2020”, diz Alexandre Maia Bueno, diretor de tecnologias alternativas energéticas da empresa mineira.

Por Roseli Loturco | Para o Valor, de São Paulo

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