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28/04/2025Em 2025, o Brasil será sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém do Pará. O evento representa uma janela de oportunidades. Além de celebrar os 10 anos do Acordo de Paris, trata-se de um importante marco diplomático que revela ser um compromisso climático, como uma decisão estratégica – e potencialmente lucrativa.
Apelidada de “COP da esperança”[1], por Anne Hidalgo, prefeita de Paris, a cúpula possui potencial para renovar o impulso da agenda climática. O Brasil, por sua vez, assume o papel de anfitrião com a responsabilidade de articular ações diante dos desafios climáticos, estimulando soluções colaborativas de mitigação de emissões e adaptação à matéria.
Esse modelo de ação compartilhada abre espaço para o setor empresarial apontar iniciativas. As organizações têm, assim, a oportunidade de elaborar ações e articular recursos em prol do desenvolvimento sustentável. Dessa forma, o investimento em “soluções verdes” ultrapassa a lógica ambiental e passa gerar transformações sociais, agregar valor aos produtos e aumentar a competitividade no mercado global.
O engajamento do setor privado já é reconhecido como eixo estratégico da COP30. Um exemplo é a Agenda Verde[2] lançada pela FecomercioSP em abril, que propõe 12 metas para o Brasil, incluindo o combate ao desmatamento ilegal, a neutralização de emissões e o fortalecimento da indústria sustentável.
A pauta climática tem se definido como um movimento global, já internalizado por empresas, consumidores e investidores. Ela soma ao conjunto de práticas ESG (Environmental, Social and Governance) que é uma preocupação já consolidada no mercado. Ignorar esses três indicadores não só resulta em perda de competitividade, como pode ocasionar conflitos regulatórios, desvalorização, barreiras comerciais e rejeição de consumidores.
A iniciativa privada será essencial para viabilizar os compromissos assumidos pelo país, em articulação com o poder público e a sociedade civil. Nessa toada, iniciativas como o Plano de Transformação Ecológica[3] e a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos (BIP)[4] visam direcionar recursos privados para projetos sustentáveis, com previsibilidade regulatória. Destaca-se também a proposta do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)[5], que será debatido na COP30 e é baseado em remuneração por serviços ecossistêmicos e preservação das florestas tropicais.
Nota-se que a maior ambição climática é oportunidade de crescimento econômico. Esse é um dos informes estruturantes do relatório “Investir no Clima para Crescimento e Desenvolvimento: O Caso das NDCs Reforçadas”[6], apresentado preliminarmente em março, no 16º Diálogo Climático de Petersberg, na Alemanha. O documento reforça o potencial econômico das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que incorporam os esforços de cada país para reduzir as emissões nacionais, instrumentos centrais do Acordo de Paris.
Atualmente na terceira rodada, as NDCs 3.0 deverão ser mais ambiciosas[7], podendo representar uma oportunidade concreta de limitar o aquecimento global a 1,5°C. O relatório estima que, com políticas climáticas robustas e investimentos em energia limpa, a emissão de CO₂ por dólar gerado possa cair de 0,34 kg para 0,14 kg até 2040, demonstrando que uma economia de baixo carbono tende a ser mais eficiente.
Logo, há grandes expectativas para os efeitos da realização da COP30 no Brasil. O evento oferece uma oportunidade de liderança não apenas ambiental, mas também econômica. Ademais, o fortalecimento das políticas climáticas, por meio de instrumentos como as NDCs, aponta para um modelo de desenvolvimento mais resiliente e competitivo.
Nesse contexto, a cooperação entre diferentes segmentos da sociedade torna-se indispensável. Superar os desafios da crise climática exige uma visão sistêmica, articulação estratégica e o comprometimento coletivo para a implementação de alternativas inovadoras e duradouras.
[1] Em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, a prefeita da capital francesa declarou que “Belém será um grande momento internacional para o clima”.
[2] FEComércio-SP. Da economia circular nas cidades ao desmatamento zero: metas para um Brasil mais sustentável. São Paulo: Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, 2025. Disponível em: https://www.fecomercio.com.br/upload/file/5d2c8189aecb7ac2049307c56f03f57a86a0c6d4.pdf Acesso em: 22 abr. 2025.
[3] BRASIL. Ministério da Fazenda. Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica. Disponível em: https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/transformacao-ecologica. Acesso em: 22 abr. 2025.
[4] BRASIL. Ministério da Fazenda. Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica – BIP. Disponível em: https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/transformacao-ecologica/bip. Acesso em: 22 abr. 2025.
[5] BRASIL. Ministério da Fazenda. Em Londres, Brasil avança na construção do Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Disponível em: https://www.gov.br/fazenda/pt-br/assuntos/noticias/2025/marco/em-londres-brasil-avanca-na-construcao-do-fundo-florestas-tropicais-para-sempre. Acesso em: 22 abr. 2025.
[6] OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. New NDCs to deliver climate ambition and action for growth. Disponível em: https://www.oecd.org/en/about/projects/new-ndcs-to-deliver-climate-ambition-and-action-for-growth.html. Acesso em: 22 abr. 2025.
[7] BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. NDC – Ambição Climática do Brasil. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/composicao/smc/plano-clima/ndc-ambicao-climatica-do-brasil. Acesso em: 22 abr. 2025.
Publicado em: 28/04/2025
Por: Luiza Alcantara