Nas últimas semanas acompanhamos notícias sobre extremos climáticos em diversos lugares do planeta, como o calor intenso no Canadá, a neve em Gramado e a falta de chuvas no Pantanal. Em meio a esse cenário, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou o novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que analisa o tema. O documento trouxe dados que foram recebidos com grande preocupação.
O relatório, considerado como um “código vermelho para a humanidade”, de acordo com o secretário-geral da ONU, diz que as emissões contínuas de gases do efeito estufa podem atravessar um alarmante limite de temperatura em 2030, indo na contramão do Acordo Climático de Paris que previa manter o aumento das temperaturas globais bem abaixo de 2°C neste século. Com isso, para que a meta seja alcançada, será necessário uma redução drástica na emissão de poluentes por todo o planeta.
Nessa perspectiva, é de suma importância a adoção de soluções tecnológicas a fim de reduzir o dano que vem ocorrendo de forma desordenada ao nosso planeta. No setor do agronegócio não é diferente, novas tecnologias e métodos sustentáveis devem ser adotados na rotina do campo buscando minimizar esses efeitos adversos.
Contribuindo com a necessidade de mudança no setor, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) lançou a marca-conceito da Carne Carbono Neutro (CCN), uma tecnologia 100% brasileira que busca solucionar a equação entre aumento de demanda e uma produção mais sustentável dentro da fazenda.
Seu objetivo é garantir ao consumidor que os gases de efeito estufa (GEE) emitidos durante a criação do gado sejam neutralizados através de técnicas de manejo florestal como os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) ou pecuária-floresta (IPF), por meio de processos produtivos parametrizados e auditados.
Vale apontar que o sistema ILPF está previsto na Lei 12.805/2013, que institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, e compõe um dos sete programas definidos pelo Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). Este plano é uma estratégia extraída do artigo 11 da lei 12.187/2009 que prevê a criação de “Planos Setoriais de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas visando à consolidação de uma economia de baixo consumo de carbono”.
Para aderir ao selo conceito criado pela EMBRAPA, o produtor deve mitigar a emissão dos GEE durante a produção, através das árvores plantadas no sistema silvipastoril e agrossilvipastoril, seguindo as seguintes etapas: compromisso de adoção de implantação de projeto do sistema IPF/ILPF, avaliação técnica da emissão de carbono da propriedade, cálculo de carbono fixado na área, o cálculo da neutralização de emissões, a garantia de estoque de carbono, concessão de uso da marca-conceito e auditoria do sistema.¹
Este método desenvolvido pela EMBRAPA, além de beneficiar o meio ambiente através da neutralização dos GEE emitidos durante a produção da carne bovina, auxilia na recuperação de pastagens degradadas, bem como promove o bem-estar animal, visto que as árvores geram sombras na pastagem gerando conforto térmico ao animal.
O consumidor que adquirir um produto com o selo CCN, irá consumir uma carne proveniente de um sistema de produção pecuário mais sustentável, fator que agrega valor ao produto final e pode auxiliar na exportação para outros países – especialmente para os exigentes mercados europeu e norte americano.
Atualmente, já é possível encontrar nas gôndolas dos supermercados produtos com o selo Carne Carbono Neutro, um alimento que é sinônimo de respeito ao meio ambiente.
¹ EMBRAPA. Documentos 210: Carne Carbono Neutro: um novo conceito para carne sustentável produzida nos trópicos. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/203141/1/Carne-carbono-neutro-1.pdf. Acesso em: 25 ago. 2021.
Por: Giuliana Giunchedi
Publicado dia: 30/08/2021
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