Muito se falou nos últimos tempos que o Brasil era um dos vilões da questão ambiental mundial. As terríveis queimadas que assolam nosso país quase todos os anos fizeram com que nosso país ficasse na mira dos críticos. Discursos inflamados, demagogia em alta e críticas vagas mas bem feitas e produzidas acabam surtindo efeito. E se isso for repetido à exaustão fica parecendo uma verdade irrespondível.
Entendo, contudo, que a forma correta de firmarmos uma opinião é indo atrás de dados e fatos e não apenas de factoides e opiniões. Assim, faz-se necessário analisar a situação ambiental e florestal de cada um dos partícipes dessa situação. Tanto dos críticos quanto dos criticados.
Nesse sentido, interessantíssimo estudo da Embrapa nos traz dados que ajudam, e muito, a ter uma visão muito diferente do que a que vem sendo vendida. Há 8 mil anos, logo muito antes de ocorrer as grandes supressões de vegetação em âmbito mundial, o Brasil já possuía um papel de destaque nesse ranking de florestas. Éramos responsáveis por 9,8% das florestas mundiais. Nos dias atuais representamos incríveis 28,3% da cobertura florestal mundial. Resta perguntar o que ocasionou esse crescimento imponente? E aí temos duas respostas.
A primeira é que o Brasil efetivamente tem grande parte de suas florestas em áreas de difícil acesso (notadamente a Amazônia e o Pantanal) e tem legislação bastante restritiva1 (ver por exemplo a exigência de reservas legais que podem chegar a 80% do território de uma propriedade), diferente da maioria dos outros países.
A segunda resposta é até mais fácil de se comprovar: os outros países devastaram demais as suas áreas. A Europa (sem a Rússia) detinha 7% das florestas mundiais. Hoje possui ínfimos 0,1%. Claro que a industrialização desenfreada e o tempo de ocupação do “velho continente” ajudam a criar esse cenário, mas a falta de políticas e compromissos ambientais efetivos é fator preponderante para tal cenário. Olhemos também para o continente asiático, que possui muitos países em desenvolvimento. Eles detinham 23,6% das florestas mundiais. Hoje possuem apenas 5,5%. Nem se alegue que o continente africano, menos desenvolvido que o nosso, possui realidade diferente. Originalmente eles possuíam 23,6%, nos dias atuais esse percentual caiu para 5,5%.
Esses números apenas comprovam a relevância do Brasil na questão ambiental e ela só tende a crescer. Temos que entender a riqueza disso e que o único desenvolvimento possível é o que se faz com sustentabilidade. Sem demagogia, sem hipocrisia, com ciência e seriedade. Nossas florestas não são mérito de um ou outro governo ou de uma ou outra política ambiental. São mérito de nosso país e um legado para as futuras gerações.
Que conheçamos e reconheçamos isso e que continuemos na vanguarda da proteção das florestas mundiais.
1Aqui podemos destacar algumas questões:
Publicado em: 04/10/2021
Por: Marcos Saes
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