Meio ambiente é custo ou receita?

O mercado financeiro transformou a questão ambiental de um custo para as empresas em um ativo que garante crédito mais barato. Essa é uma afirmação que há alguns anos poderia soar audaciosa ou até mesmo demagoga, mas hoje em dia é um fato. Não há mais volta. O crédito para a economia verde, limpa ou sustentável é mais fácil e barato, ou seja, é passada a hora de o mundo empresarial entender e se adequar a isso. Sua empresa deve estar preparada e “arrumada” para quando buscar dinheiro no mercado.

Desde os anos 60, o mercado financeiro olha para a responsabilidade social como diferencial para a concessão de crédito. Há 60 anos, por exemplo, empresas que eram coniventes com o apartheidt na África do Sul eram excluídas de determinadas linhas de crédito. Na década de 80, nasceram fundos voltados para as chamadas “áreas promissoras”, como energias limpas e tecnologia da informação. Nos anos 90, é criado o Dow Jones Sustainability Index, primeiro índice de sustentabilidade mundial. No ano de 2003 um grande marco, um grupo formado pelos 10 maiores bancos e a IFC (International Finance Corporation) lançam os Princípios do Equador. Daí para diante, os avanços foram ainda mais rápidos: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa em 2005; Resolução do Banco Central BC 4.327 em 2014; participação ativa dos Bancos no Acordo de Paris (2015); e em 2017 o Financial Stability Board recomenda que bancos cobrem transparência sobre as informações ambientais dos seus tomadores de crédito. Como dito, uma caminho sem volta. E que bom!

O fator positivo é que as instituições financeiras e os fundos de investimento sabem que empresas responsáveis com o meio ambiente possuem um risco menor e com isso conseguem taxas de crédito mais atrativas. Em 2015, 16,7% do total de financiamentos concedidos foram para empresas com processos mais limpos e socialmente corretos. Em 2016 esse número cresceu mais 2 pontos percentuais.

A partir da já citada Resolução 4.327 do Banco Central, que proibia a chamada maquiagem verde (greenwashing), os bancos estão sujeitos à fiscalização do BC e passaram a realmente analisar a fundo os indicadores ambientais das empresas e dos projetos que estão financiando.

Assim, fica muito claro que o crescimento das exigências ligadas ao meio ambiente (projetos limpos) e de responsabilidade social, deixaram de ser uma greenwashing para se tornar um diferencial na tomada de crédito. Por isso fica fácil concluir que adequar a sua empresa para essa realidade é muito mais do que ter uma visão responsável de um meio ambiente equilibrado para as presentes e futuras gerações (texto da Constituição Federal), é ter crédito mais fácil e barato. Entenda a legislação que rege o assunto, cerque-se de bons especialistas, promova as adequações necessárias, seja social e ambientalmente responsável e ganhe dinheiro com isso.

Por Marcos André Bruxel Saes

Postado dia 06/11/2017

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